Solidão
Medo constante e persistente que corrói as entranhas numa sensação que parece devorar de dentro pra fora. Como se em algum momento isso fosse ter fim e eu morreria de solidão. Da falta de afeto, atenção ou de sentir-se útil. Morreria para os outros, e logo, morreria de fato.
Se olhar pra ela sem muita atenção, vai achar que pra ter a sua vazia companhia é preciso estar envolto em si mesmo. Fisicamente isolado, onde ninguém mais passeia, ninguém mais se ouve e a única pessoa que resta é a si mesmo.
Mas suas visitas são tão sutis que mal percebe ser ela mesma. As vezes ela aparece no meio de uma festa lotada de pessoas com rostos conhecidos mas irreconhecíveis. Aparece num momento feliz, de espera, e você se recusa acreditar que é ela. Não pode ser. “Você é triste, quieta e solitária. Estou bem, no melhor momento da minha vida. Me desculpe mas não pode ser você.” Mas é. E é com S maiúsculo, na sua melhor forma. Solidão que vem de dentro. Que se esconde nas respostas vazias, naquela ausência pontual. Naquele “hoje não vai dar”.
Essa é a Solidão que mais assusta porque é profunda e particular. É tão real quanto o ar que respiramos. A descoberta de que você está, na realidade, sozinho. A percepção de que a sua presença pode ser substituída, de que você é substituível.
O que fazer quando essa notícia te invade como um tsunami? As coisas as quais você se apoiava se foram, as pessoas que você ama não agem mais da mesma forma. Você se sente só. Você está só. Devastado pelas ondas e incapaz de lutar contra elas, porque apesar da dor as ondas tem razão. Você não é mais necessário e em pouco tempo vai desaparecer.
Quem se importa se uma luz se apaga em um céu de luzes reluzentes?
As vezes as circunstâncias tornam o nosso sabor pessoal sem graça quando todos a sua volta passam a frequentar novos restaurantes. Mas tudo que nos resta é continuar servindo, pois apesar da falta de clientes, aquilo é tudo que você pode oferecer.